quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Estética, Felicidade e Atividade Física


O corpo humano integra as dimensões da materialidade (ossos, músculos e etc) e da imaterialidade (emoções, criatividade, loucura, ludicidade entre outros). Historicamente, a cultura e a educação desprezam por ignorância, preconceito ou crueldade, essa unicidade corporal. Conceberam o corpo como um simples abrigo da mente – esta nobre e essencial. Investigaram o corpo como espécie de máquina a ser educado e treinado para ser mais forte, mais alto, mais veloz, mais belo, mais jovem, mais saudável e, até mesmo, mais lúdico e alegre.


Vê se então cada vez mais a importância do lúdico no dia a dia das pessoas, muitas vezes até como privilégio, necessidade e direito exclusivos da criança. Os estudiosos do assunto, entre eles J. Piaget, pouco consideraram em suas pesquisas o jogo na vida adulta.


Entretanto, é certamente nessa fase da vida, pela brutalidade da vida moderna, pela deterioração do ambiente urbano e pela ação torturante do trabalhado, que o corpo humano é sacrificado e reprimido em sua essência lúdica. É recente e tímido o movimento pelo “ócio criativo” que defende a necessidade do adulto trabalhador ter mais oportunidades e formação para uso criativo do tempo livre e do lazer, como um direito social, tal como o adquirido, teoricamente, pela criança.


Com essa base observo que os fenômenos relacionados a estética não são na verdade o mais importante, prefiro pensar que a busca pela saúde e pela qualidade de vida se tornam cada vez mais o maior. Entretanto seja estético ou saúde seu objetivo o aspecto lúdico será fundamental na continuidade da prática regular de uma atividade física. Aproveite então para refletir sobre essa dicas:


“ Pratique sempre atividades físicas, pois você terá altas doses de dopanina e serotonina que irão melhorar o seu prazer e o seu humor.”


“Procure estar em ambiente que lhe tragam alegria e alto astral.”


“Procure profissionais de educação física que consigam através da ludicidade e alegria transformar um treinamento sério em algo prazeroso.”


“Descubra a alegria de realizar atividade física orientada, possibilitando uma melhor qualidade de vida.”



Texto escrito pelo Profº Drd. André Fernandes (Proprietário da Academia Body Club - Rio de Janeiro e Petrópolis/RJ)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A verdade sobre aeróbios e emagrecimento


Você com certeza ja ouviu a seguinte frase:


"Para reduzir gordura corporal é necessário exercícios de baixa intensidade e longa duração".



O que se tem a dizer sobre isso é o seguinte: Mentira!!

Essa teoria se propagou de tal forma que é seguida à risca por inúmeros praticantes de exercícios físicos e até mesmo por alguns profissionais desinformados.


É incompreensível como uma atividade ineficiente que consuma grande parte de seu tempo disponível possa melhorar a vida de alguém. Não seria preferível elaborar um treinamento eficiente com uma baixa necessidade de tempo e proporcionar mais tempo para se usar com a família, lendo um livro, vendo um filme ou simplesmente descansando?


Com certeza os exercícios aeróbios tem seu espaço, mas este espaço não é tão grande quanto muitos pretendem. Em 1994 TREMBLAY conduziu uma pesquisa no Canadá que ajudou a acabar com o mito de que exercícios aeróbios de baixa intensidade sejam os mais eficientes para perda de gordura. A amostra era composta por indivíduos destreinados divididos em dois grupos.


Um deles se exercitou por 20 semanas, iniciando os treinos a 65% da freqüência cardíaca máxima (FCM) e progredindo para 85%, cada treino durava entre 30 a 45 minutos e era realizado de 3 a 4 vezes por semana. O segundo grupo se exercitou por 15 semanas, executando aquecimento e em seguida 10 a 15 tiros de 15 até 30 segundos ou 4 a 5 tiros de 60 até 90 segundos.


Os intervalos ocorriam até que a freqüência cardíaca chegasse a 120-130 bpm. De acordo com os resultados, o grupo 1 (menos intenso) gastou mais que o dobro de calorias que o grupo 2 (120,4 MJ em comparação com 57,9MJ), porém os indivíduos do segundo grupo obtiveram uma redução no percentual de gordura bem maior que o primeiro. Segundo TREMBLAY, "quando calculamos a quantidade de gordura perdida por caloria, o grupo 2 obteve um resultado 9x melhor".


A conclusão dos autores: "para um dado nível de dispêndio energético, exercícios vigorosos favorecem balanço calórico e balanço de lipídios negativos em proporções maiores que exercícios de intensidade moderada a média. Além disso as adaptações da musculatura esquelética ocorridas como resposta ao treinamento intervalado intenso parecem favorecer o processo metabólico do lipídios."


Respire fundo e leia com atenção esta frase: "se o objetivo é perder gordura e o tempo for limitado, as pessoas devem se exercitar com segurança nas intensidades mais altas possíveis..." esta foi a conclusão de GREDIAGIN et al (1995) quando submeteram dois grupos a diferentes intensidades de exercício (50% e 80% do VO2 máx, respectivamente), sendo que as atividades eram realizadas até que se chegasse ao total de 300 Kcal.


Ao final do estudo ambos os grupos perderam a mesma quantidade de gordura, porém o grupo que se exercitou intensamente ganhou mais que o dobro de massa magra em relação ao outro. Intensidades mais elevadas parecem influir também no aspecto nutricional, conforme verificado em um estudo de BRYNER et al (1997), onde os exercícios em freqüências cardíacas mais altas resultaram em maior redução da gordura, assim como diminuição da ingestão de gorduras saturadas e colesterol, o que não aconteceu em freqüências cardíacas baixas.


As atividades intensas levam vantagem até mesmo quando compara-se exercícios de mesmo dispêndio calórico total. Nesses casos é verificado que os de maior intensidade proporcionam gasto calórico mais elevado e maior degradação de carboidratos e gorduras após o treino, o que leva a crer que o período pós exercício deve ser levado em conta quando analisamos a eficiência das atividades.(CHAD et al, 1991; SMITH et al, 1993; PACHECO SÁNCHEZ, 1994; PHELAIN et al, 1997, KLAUSEN et al, 1999, LEE et al, 1999 ).


Porém quando relato vantagens relativas aos resultados obtidos com treinos intensos, não devemos nos prender a abordagem mecanicista. Se fossemos usar a matemática linear jamais conseguiríamos entender ou mesmo acreditar nesse fenômeno. Lembre-se que nosso sistema tem características não lineares, podendo responder de forma caótica aos diversos estímulos.


Desta forma, por mais contraditório que pareça, o uso de treinos intensos (que praticamente não usam gorduras) altera os processos metabólicos (não temos certeza de quais estruturas) de modo a favorecer reações a queima de gordura e inibir seu acúmulo.



Considerações Finais


As atividades aeróbias certamente tem seu valor, mas não realizam nem a décima parte do que lhe é atribuído. Caminhadas podem ser de grande valia, porém esses casos são exceções. Isto não significa que atividades pouco intensas sejam totalmente ineficientes, a questão é que elas não são "as" mais eficientes.


Especificamente para a redução da gordura corporal as atividades aeróbias de baixa intensidade são, digamos assim, uma prática inadequada. De onde surgiu esta teoria? Pode-se dizer que inicialmente foi da falta de conhecimento e até mesmo o paradigma mecanicista, propagando à medida que os profissionais abstinham-se em questionar o paradigma dominante. Deve-se perder o péssimo hábito de decorar literalmente textos de livros ao invés de analisar criticamente o que está escrito.


Os livros de fisiologia dizem que durante atividades de baixa intensidade a quantidade relativa de gordura utilizada é maior. A palavra destacada diz tudo, é relativa ao total de calorias usadas. Outra causa desta linha de raciocínio é a irritante simplicidade do tipo "se você usou mais gordura durante a atividade então esta atividade perde mais gordura".


Esta linha também culmina em teorias como: "se você comer gordura, vai ganhar gordura, se comer proteína vai ganhar proteína" e assim vai... Mas muitos se esquecem, ou simplesmente não sabem, o que acontece com o nosso corpo em resposta aos exercícios.


A partir de uma abordagem mais integrativa e complexa, pode-se dizer então que as atividades físicas de maiores intensidades, especialmente os treinos intervalados são extremamente eficazes e recomendáveis para o processo de redução da gordura corporal.


(Nas academias há grande possibilidade de encontrarmos aulas com estas características, tudo depende da qualidade técnica do professor ao seguir os preceitos fisiológicos na elaboração da sua aula, lembre-se que a mesma modalidade pode almejar objetivos diferentes e até mesmo opostos. Algumas modalidades que podem ser úteis são: aulas de spinning, step, lutas, jump, além de treinos intervalados na ergometria).




Fonte:

GEASE - Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercício